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domingo, 11 de maio de 2014

Beata Maria Assunta Marchetti, Virgem e Missionária Scalabriniana no Brasil


Em carta enviada pelo secretário de Estado do Vaticano, Monsenhor Angelo Becciu, será realizado no dia 25 de outubro de 2014, em São Paulo o Rito de Beatificação de Madre Assunta.


A Superiora Geral, Irmã Neusa de Fátima Mariano, relatou o significado desta notícia para a Congregação. “Acolhemos esta notícia com grande alegria e júbilo, pois é uma graça para a Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo (Scalabrinianas). Acreditamos que a Beatificação será portadora de muitos frutos de santidade e de renovação espiritual para todos os membros do Instituto e ao mesmo tempo em que é portadora de novo vigor na vivência de nossa consagração religiosa no serviço aos migrantes” disse.

Para Irmã Neusa, esta Celebração será um momento de visibilidade à presença compassiva das missionárias junto aos migrantes a exemplo da Serva de Deus.  Além de ressaltar a santidade de vida e coragem missionária de Madre Assunta, é perceber como as Irmãs Missionárias Scalabrinianas encarnam no dia a dia, o projeto missionário do Bem-aventurado Dom João Batista Scalabrini, fundador da Congregação, o qual nos interpela a continuar com ousadia, fidelidade criativa, profecia e esperança a missão que recebemos como herança carismática, em meio aos migrantes, nos vários desafios da mobilidade humana.

Na cidade de Camaiore-Itália, onde Madre Assunta nasceu e viveu até a juventude, a notícia teve grande repercussão. Ao tomar em conhecimento da beatificação por meio dos jornais, a população organizou imediatamente junto ao pároco de Camaiore, um coro em homenagem à Serva de Deus.

“As pessoas aqui em Camaiore receberam a notícia da beatificação lendo os jornais e através do pároco, que, do altar, contou aos fiéis. Foi fundado um coral composto de muitas pessoas, das mais variadas idades que cantam nas missas. O coral foi intitulado ‘Coral de Madre Assunta’. A beatificação dela é uma grande alegria para nós e para a comunidade de Camaiore, que precisa de um exemplo assim tão lindo”, disse em entrevista a jovem e educadora infantil, em Camaiore, Beatrice Marchetti, 24, cuja avó,senhora  Osvalda Tabarrani ajudou a fundar o museu de Madre Assunta naquela cidade, e diz ter recebido um milagre por intercessão da beata.

Ao receber um grupo de Irmãs brasileiras em Camaiore, no mês de maio de 2013, a senhora Osvalda concedeu esta entrevista naqual ela conta a sua experiência de fé com Madre Assunta Marchetti.


Para a sobrinha, a santidade da tia não é novidade

A sobrinha, filha caçula da irmã mais nova de Madre Assunta, residente no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, capital, Marta Maria Luiza Marchetti Zioni, aos seus 80 anos se recorda da tia com emoção. “A minha mãe tinha a titia Assunta mais como mãe do que Irmã, por ser 20 anos mais velha. O papai, ao qual ela chamava de Giuseppino,  a respeitava muito porque na simplicidade, no jeito de olhar, de falar, sabia impor respeito. Quando ela vinha nos visitar, era uma alegria”, conta.

Sobre a santidade de Madre Assunta disse: “Sabe, a santidade dela para nós não é novidade, porque sempre estivemos acostumados com o jeito de ser da titia: bondosa, meiga, atenciosa. Para nós, não é agora que ela se torna santa, entende?”

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Quem foi Maria Assunta Caterina Marchetti

Maria Assunta Caterina Marchetti nasceu em Lombrici di Camaiore, província de Lucca, na região da Toscana, Itália, em 15 de agosto de 1871, e foi batizada no dia seguinte na paróquia Santa Maria Assunta ao lado da casa da família. De acordo com os documentos históricos, os pais Ângelo Marchetti e Carolina Ghilarducci eram moleiros. O trabalho da moagem garantia o sustento da família como também a moradia. Os pais sempre confiaram na ajuda de Assunta para o cuidado dos outros 10 irmãos, uma vez quea mãe tinha saúde frágil.



A compaixão pelos imigrantes italianos muda os rumos da vocação

Conforme relata a história, Assunta desejava ardentemente se tornar uma religiosa contemplativa, mas Deus havia traçado outros caminhos para ela através do pedido de seu irmão sacerdote, José Marchetti que ingressou no Seminário de Lucca, que se tornou sacerdote em 1892.

Nesse período os italianos deixavam em massa a Itália e rumavam para as Américas, especialmente para o Brasil. Padre José Marchetti, pároco em Compignano, diocese de Lucca, viu maioria dos paroquia nos deixarem a Itália em busca de sobrevivência. Não teve dúvidas. De sacerdote diocesano passou a ser missionário de São Carlos, ordem fundada em 1887 pelo Bispo de Piacenza, o beato João Batista Scalabrini que, compadecido dos imigrantes italianos, organizou um grupo de missionários e fundou a ordem para acompanhar os imigrantes nas suas viagens nada fáceis.

Padre José passou a ser missionário de bordo e durante as viagens da Itália para o Brasil atendia os imigrantes com o sacramento da confissão, do casamento, e fazia rituais de exéquias para os que morriam e eram lançados ao mar.

Em uma dessas viagens um pai desesperado deixou, aos cuidados de padre Marchetti, um bebê, de quem o sacerdote assumiu a responsabilidade de cuidar. Ao desembarcar no Brasil o padre  imediatamente providenciou um orfanato onde colocou a criança. A partir dali entendeu que sua missão não era a de ser missionário de bordo, mas cuidar dos tantos órfãos filhos de imigrantes italianos e africanos, que viviam na cidade de São Paulo.

A Beata Maria Assunta na cozinha do orfanato feminino da Vila Prudente, São Paulo

Em 1895, padre José construiu dois orfanatos em São Paulo, um no alto do Ipiranga e outro na Vila Prudente. Com tantos órfãos para cuidar, voltou à Itália e convenceu Assunta a vir com ele para cuidar dos órfãos.

Ela queria ser carmelita, ficar afastada do mundo, mas aconteceu o oposto: não só teve que enfrentar o mundo como também teve que socorrer as pessoas em ambiente hostil (na época São Paulo era marcada por outras religiões como a maçonaria, por exemplo) e, no entanto, não criava problemas com ninguém, respeitava o sentimento e a religião dos outros”, relata sua sobrinha que vive em São Paulo, Marta Maria Luiza Marchetti Zioni.

Em 25 de outubro daquele mesmo ano que ela, seu irmão padre José e suas duas amigas emitiram os primeiros votos religiosos, nas mãos do Bem Aventurado Dom João Batista Scalabrini, fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, Scalabrinianas. E em 27 de outubro de 1895, partiram para o Brasil, como missionária para os migrantes e nunca mais retornaram à Itália, fazendo de sua pátria o Brasil. Padre José Marchetti morreu aos 27 anos, vítima da febre tifoide, muito comum entre os imigrantes naquele período.

Madre Maria Assunta (primeira, à esquerda), com coirmãs e suas amadas órfãs


 O trabalho missionário em São Paulo

Ao chegarem a São Paulo dedicaram-se ao cuidado dos órfãos e dos imigrantes italianos, afetados pela cólera tifoide e pela difteria. O orfanato tinha como objetivo ser um ambiente familiar para os pequenos que haviam perdido os pais nos trajetos da imigração e no trabalho nas fazendas de café. Eram órfãos italianos, africanos... todos eram bem acolhidos. Assunta se dedicou ao próximo com heroísmo e não media esforços quando se tratava de atender o mais necessitado.


“O primeiro doente da Santa Casa de Monte Alto -SP foi um homem negro, mendigo. Madre Assunta se compadeceu dele porque estava sozinho na enfermaria, enquanto não havia ainda os enfermeiros. Colocou uma cama no fundo do corredor, do lado oposto do doente e, dormiu aí algumas noites para poder atendê-lo logo que chamasse. Via Cristo no irmão pobre, sofrido ou doente”, contou Irmã Afonsina Salvador que conviveu com Madre Assunta ainda quando fora superiora geral pela primeira vez. “Tudo o que acontece é bom, porque vem de Deus, sempre dizia Assunta, como que fazendo ecoar o mesmo pensamento de seu irmão José que em todos os acontecimentos dizia: Deo gratias"!

As Irmãs Missionárias Scalabrinianas têm em Madre Assunta um modelo de incansável missionariedade e corajosa dedicação no serviço da caridade. Um grave ferimento na perna provocado durante o atendimento a um enfermo originou longos anos de sofrimento.
Madre Assunta passou os últimos meses de sua vida em uma cadeira de rodas, mas sempre atenta em servir o próximo. Morreu em 1ºde julho de 1948, em meio aos órfãos, no orfanato da Vila Prudente - SP, hoje, “Casa Madre Assunta Marchetti”, onde se encontram seus restos mortais.


O milagre 

Aconteceu em 1994, no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, RS. Diagnosticado com morte cerebral, o senhor Heráclides Teixeira Filho recobrou os sentidos, ressuscitou sem nenhuma sequela de suas funções vitais e intelectuais. Esse milagre se deve ao fato de a esposa e uma de suas irmãs terem invocado a intercessão de Madre Assunta.


No dia 19 de dezembro 2011 aconteceu a promulgação do Decreto das Virtudes Heroicas de Madre Assunta Marchetti, reconhecidas pelo Papa Bento XVI. No dia 09 de fevereiro de 2012 foi aprovado o ‘milagre’ atribuído a Venerável Madre Assunta por parte da equipe dos médicos da Congregação da Causa dos Santos, no Estado do Vaticano. Em 17 de dezembro de2013, a Secretária de Estado do Vaticano, através de carta assinada por Dom Angelo Becciu, comunicou oficialmente à Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos a aprovação da beatificação de Madre Assunta. 

Um comentário:

Isa Oliveira disse...

Fiquei emocionada ao ler, neste blog, que a Madre Assunta Marchetti atuou na Santa Casa de Monte Alto, local onde eu e meu filho nascemos. Hoje meu filho é um sacerdote e, mesmo não conhecendo o fato da Madre Assunta, hoje Beata Assunta, ter vivido em Monte Alto, fez uma bela homenagem a ela em seu programa "Caminhando com os Santos", no Canal Arautos do Evangelho, em 12/05/22. Segue o link: https://www.youtube.com/watch?v=Y0pvMh70VrA

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