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sábado, 8 de julho de 2017

VENERÁVEL MARGARIDA OCCHIENA, MAMÃE MARGARIDA, MÃE DE DOM BOSCO


"Quando começou os estudos, recomendei-lhe que amasse a essa nossa boa Mãe. Agora, recomendo que seja todo Seu." 
Estas foram as palavras ditas por mamãe Margarida quando Dom Bosco entrou no Seminário, demonstrando o amor filial e confiante na Virgem Maria, que ensinou aos seus filhos.



Na vida de Dom Bosco, desde o seu nascimento até a materialização de seus sonhos, nenhum biógrafo, nenhum registro histórico, pode abrir mão da significativa presença de Margarida Occhiena, sua mãe. Os salesianos e salesianas celebram no dia 25 de novembro a Venerável Margarida Occhiena, a “Mamãe Margarida”. Ela foi grande incentivadora do filho, tendo papel fundamental no desenvolvimento de sua obra e no nascimento da Família salesiana.
A presença marcante de Margarida Occhiena foi definitiva para que Dom Bosco, nas bases de seu projeto, colocasse como pilares de sustentação a familiaridade, o “espírito de família” e a busca pela santidade. O exemplo de amor, aceitação, confiança e apoio de Mamãe Margarida demonstravam a importância dos princípios evangélicos e da família na formação de novas pessoas, de “bons cristãos e honestos cidadãos”.






MARGARIDA OCCHIENA (1788-1856)



Margarida Occhiena nasceu no dia 1º de abril de 1788 em Capriglio, província de Asti, Itália, sexta de dez filhos, no mesmo dia foi batizada na igreja paroquial. Seus pais, Melquior Marcos Occhiena e Domingas Bossone, eram agricultores dotados de sinceros sentimentos cristãos. Margarida desde jovem é uma grande trabalhadora. Os tempos e o trabalho não lhe permitem estudar, mas o seu amor pela oração é enriquecido por aquela sabedoria que não se encontra nos livros. Reside com seus pais até seu casamento com Francisco Bosco em 1812. Francisco tem 27 anos, é viúvo, com um filho de três anos, Antonio, e tem a mãe doente aos seus cuidados. No ano seguinte nasce José e em 1815 João (o futuro Dom Bosco). Juntos transferem-se para os Becchi, distrito de Castelnuovo d'Asti.
Em 1817 Francisco morre atingido por uma pneumonia. Aos vinte e nove anos Margarida vê-se enfrentando sozinha a condução da família num momento de grande carestia, cuidando da mãe e do filho de Francisco, o falecido esposo; e os pequenos José e João, seus filhos. Margarida era uma mulher de grande fé. Deus estava sempre acima de todos os seus pensamentos e sempre em seus lábios. Tendo ficado viúva, após cinco anos de vida em comum com Francisco Bosco, viu-se obrigada, completamente só, a assumir uma tarefa de grandes desafios e obstáculos: a administração de uma família com quatro membros.

Agora, em uma Itália dividida, em uma Piemonte com graves problemas políticos/econômicos e vivendo os ares da modernidade, ela precisa conciliar todos os encargos inerentes a um chefe de família pobre e de zona rural. Precisa cuidar da casa, do sustento e educação dos filhos, da lida no campo, da sogra adoentada, das crises econômico-financeiras e da incompreensão de Antônio, um dos filhos de Francisco que assumiu como seu, com relação ao desejo de João Bosco de estudar. Precisa mostrar-se forte e fé inquebrantável, para suportar e superar todas as vicissitudes do momento.
O amor do Senhor era tão intenso que formou nela um coração de mãe. Sábia educadora, soube conjugar nela paternidade e maternidade, doçura e firmeza, vigilância e confiança, familiaridade e diálogo, educando os filhos com amor desinteressado, paciente e exigente. Atenta à vida deles, confia nos meios humanos e no auxílio divino. Acompanha o crescimento de três garotos de temperamento muito diferente com os mesmos critérios mas com métodos diversos. Ensina-lhes o catecismo e prepara-os para se aproximarem da primeira comunhão. Mulher forte, com clareza de ideias, determinada nas escolhas, regime de vida sóbrio, severa na educação cristã, doce e compreensiva.
Tendo ouvido o sonho de Joãozinho aos nove anos, é a única que consegue lê-lo à luz do Senhor: "Quem sabe, tu devas ser sacerdote". Permite-lhe então que fique com outros garotos pouco recomendáveis, para que, com ele, se comportem melhor. A hostilidade de Antonio em relação aos estudos de João obriga-a a afastar o filho menor para que possa estudar. Haverá de acompanhá-lo depois.
Obrigada a fazer escolhas às vezes dramáticas (como o afastamento do filho menor de casa para não romper com a paz e para fazê-lo estudar), conduz com fé, sabedoria e coragem o desenvolvimento das habilidades dos filhos, ajudando-os a crescer na generosidade e no espírito de iniciativa. Acompanha com amor particular João até o sacerdócio e depois, deixando a querida casa no Colle, segue-o na sua missão entre os jovens pobres e abandonados de Turim.

No dia da ordenação sacerdotal de São João Bosco pronunciará algumas palavras que ficarão no coração de seu filho por toda a vida. Em 1848, Dom Bosco fica gravemente doente, Margarida vai assisti-lo descobrindo o bem que faz pelos jovens abandonados. Quando Pe. Cinzano diz para Dom Bosco que traga sua mãe para Turim para morar com ele afirma que ele terá um anjo ao seu lado. Mas João fica confuso: convidar sua mãe para sacrificio tão duro, mas ela ela responde assim: "Se acreditas que essa é a vontade do Senhor, estou pronta a vir". À idade de 58 anos decide deixar a tranquilidade em seu povoado e seguir seu filho em sua missão entre os moços pobres e abandonados do Turim.

A presença de Mamãe Margarida transforma o oratório numa família. Por dez anos a sua vida se confunde com a do filho seu nome esta estreitamente ligado as origens do carisma da Congregação Salesiana; é a primeira e principal cooperadora de Dom Bosco; com bondade dinâmica torna-se o elemento materno do sistema preventivo; é, sem o saber, "co-fundadora" da Família Salesiana que cria santos como Domingos Sávio e Padre Miguel Rua.
Analfabeta, mas cheia daquela sabedoria que vem do alto, foi ajuda para tantos jovens pobres abandonados na rua, filhos de ninguém; coloca Deus acima de tudo, consumando-se por Ele numa vida de pobreza, de oração e de sacrifício.
Morre em Turim, atingida pela pneumonia, no dia 25 de novembro de 1856 aos 68 anos. Acompanham-na ao cemitério muitos jovens, que a choram como se chora por uma Mãe. Gerações de salesianos a chamaram e a chamarão de Mamãe Margarida.
Mamãe Margarida empregou, apesar de seu analfabetismo, o seu talento inato de educadora, de mãe e de santa em prol de uma juventude protagonista.. Logo após a sua morte, surgiu uma convicção comum: “era uma santa”. Aqueles que começaram a chamá-la de “mãe santa” testemunhavam que ela jamais abandonou suas convicções, suas crenças, sua fé. Jamais deixou de demonstrar um equilíbrio formidável entre os planos terrestre e celeste.

Proclamada Venerável Margarida Occhiena pelo Papa Bento XVI em 15 de novembro de 2006, próximo de completar 150 anos de sua partida. Consta que a Serva de Deus Margarida Occhiena viúva de Bosco, mãe de família, exercitou heroicamente as virtudes teologais da Fé, da Esperança e da Caridade, tanto para Deus como para o próximo, assim como as virtudes cardeais da Prudência, Justiça e Moderação, e outras virtudes anexas a estas. Aguardamos agora o desfecho de sua causa introduzida, que se for positivamente respondida terá esta santa mãe que em vida esteve ao lado de seu santo filho também digna ao lado dele na glória dos altares.







Mesmo não tendo sido alfabetizada, Mamãe Margarida, em sua sabedoria adquirida nos enfrentamentos da vida, faz-se educadora, com um projeto de maternidade que sintoniza humanidade e santificação.
Em todas as oportunidades, das mais simples às mais complexas, ela não deixa de refletir, com seus filhos, sobre os ensinamentos de Deus, sobre a missão de cada um na busca da salvação.
Usava, na relação com os filhos, a pedagogia do coração, isto é, a de uma mulher de poucas palavras e muita ação que, com simplicidade e sabedoria, traduzia para os seus filhos a complexidade e a grandiosidade do amor. Exercia, com autoridade e paciência, sua influência sobre os filhos. Jamais abria mão de suas convicções, mesmo que, em determinados momentos, tivesse de agir com certo rigor e “dor no coração”.
No Oratório de Valdocco marcou sua presença com aquele característico sentido de família que ainda hoje subsiste nas obras salesianas. Incontáveis são os fatos de sua vida, todos narrados nos livros sobre Dom Bosco, em que as lições de fé, de esperança e de caridade estão presentes.
Ao exercer o papel de mãe para os órfãos de Valdocco, foi a cooperadora mais eficiente de seu filho: prepara a refeição, varre, lava, costura e remenda. Mais ainda: encoraja, educa e, na medida de suas limitações, mas na grandeza do seu coração, testemunha a Palavra de Deus.




A santidade de Mamãe Margarida se entende dentro do quadro de uma camponesa do Piemonte entre os séculos XVIII e XIX, isto é, uma mulher analfabeta (como todas as mulheres pobres de então), mas de uma profunda religiosidade. Religiosidade encarnada na dureza da vida, na capacidade de perceber nas pequenas coisas a grandeza de Deus.
Nesse aspecto, é importante ressaltar que ela amadureceu uma visão de fé tradicional, arraigada nos fundamentos do Concílio de Trento, mas não rigorista. Daí compreende-se como ela vivenciou e transmitiu aos filhos, apesar das orientações da época, uma fé em um Deus criador, bondoso, misericordioso e indulgente.
Na Estreia de 2006, o então Reitor-mor dos Salesianos de Dom Bosco, padre Pascual Chávez, cita as frases comuns com as quais ela educou os seus filhos legítimos e aqueles adotados no tempo em que ficou com Dom Bosco em Valdoco (1846-1856): "Deus te vê", "como Deus é bom", "com Deus não se brinca" (cf. Estreia 2006, p.39-40). Essa experiência teologal transformou-se em experiência pedagógica no sistema preventivo vivido no primeiro oratório.
Portanto, a santidade de Mamãe Margarida esteve sempre ligada a uma fé vivida no dia a dia histórico, na materialidade da vida, onde Deus é presença permanente, sensível e misteriosa. Uma fé impregnada de valores simples e profundos: “o sentido do dever e do trabalho, a coragem cotidiana de uma vida dura, a franqueza e a honestidade, o bom humor”. Por isso, ainda no dizer de padre Chávez, ela foi a primeira educadora salesiana e colaborou com Dom Bosco a moldar nos seus jovens, nos discípulos e na sua família carismática, uma santidade simples, sem ser simplória; profunda, mas sem pieguismo; alegre e jovial, sem ser banal.


Fontes:



Imagens retiradas do Google Imagens.

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